O Yoga não é algo que nós fazemos,mas algo que somos e nos tornamos." Georg Feuerstein

quarta-feira, 25 de março de 2009

Yoga

"Tudo que provém do discernimento (viveka) é sofrimento (duhkam), mas
através da prática sistemática do Yoga, a luz do conhecimento (jñána)
ilumina o discernimento para produzir a verdadeira sabedoria (vidyá)
que irá nos conduzir à liberdade (moksha)”.
-Yoga Sútra de Pátañjali

O Yoga é um termo sânscrito associado ao conceito de união, é um
movimento cultural e filosófico que se desenvolveu ao longo de
milênios na região em que hoje se situa a Índia.
Yoga é uma filosofia de vida que promove a identificação do ser Humano
com sua própria natureza e sua integração com o Universo. Trata-se de
uma disciplina que permite adquirir consciência de liberdade (moksha)
e independência (kaivalyam), que é um potencial nato em todo e
qualquer individuo.

Yoga pode ser entendido como a harmonização entre o pensamento, a ação
e o sentimento. Seu mais importante aspecto é relativo ao conceito de
União, pois o termo Yoga deriva da raiz sânscrita yuj (unir), que
reflete adequadamente sua própria essência, já que promove a união
nos seguintes aspectos:

O primeiro é a união consigo mesmo: o Yoga é uma filosofia de
auto-conhecimento na qual, por meio das práticas, o indivíduo alcança
sua consciência mais íntima, sua essência, seu "Self". Na disciplina e
constância para com as práticas o individuo encontra equilíbrio
interno, balanceando estados físicos, emocionais, energéticos, densos
e sutis em sua completa natureza.

O individuo torna-se seu próprio espelho, num processo parecido com o
da psicanálise, mas agora de auto-conhecimento por introspecção. Nesse
momento tem que se suportar o processo de autotransformação e
auto-realização do ser; absorvendo a ética dentro do Yoga (yamas e
niyamas) e modificando seus condicionamentos, hábitos e vícios.

O segundo aspecto é a sua integração com o Absoluto: esse processo já
acontece simultaneamente com o processo descrito acima de
auto-conhecimento, uma vez que você adquire consciência da união. O
ser humano já é uno com a consciência universal, assim como toda a
Criação. O Yoga é o caminho da descoberta dessa união.

"Auto realização significa ”encontrar-se a si mesmo“, reconciliar-se
com o próprio destino, conhecer a natureza real e o destino do Ser, e
essa constitui a meta única do Yogin.”
-Caio Miranda

O caminho tradicional para alcançar a realização conduz aos estados
meditativos e práticas de recolhimento mental em crescente
profundidade, culminando a prática regular no estado de samádhi, que
embora não possua tradução exata em nossa língua, pode ser aproximado
pelos termos auto-conhecimento, iluminação, estado de profunda
meditação, hiper-consciência.

Existem dois tipos de praticantes: os que buscam os benefícios
superficiais gerados pela prática e os que vem buscam Yoga. Cada qual
vai encontrar o que veio buscar. Para os que procuram maior
flexibilidade, excelente fortalecimento muscular, emagrecimento por
estimulação da tiróide, equilíbrio no sistema endócrino (kriyás e
bandhas), aumento na capacidade pulmonar, concentração para os
estudos, relaxamento (yoganidrá), entre outros beneficios, e para os
que estão interessados realmente em buscar sua própria verdade: sua
essência. O Yoga fará um bem enorme para esses dois diferentes
públicos, mas se o praticante busca exclusivamente as conseqüências
secundárias que são terapia, a estética e o relaxamento, limitar-se-á
às migalhas que caem da mesa.


Yoga é samádhi. A própria prática de samádhi é a prática de Yoga, e o
caminho para a conquista do Moksha (libertação, transcender o ego)
constitui a verdadeira e única meta do Yoga.

O Yoga Clássico consiste em yama e niyama (proscrições e prescrições
éticas), ásana, pránáyáma, pratyáhára, dhárána, dhyána e samádhi.

A proposta do sistema é combinar adequadamente essas partes a fim de
que elas conduzam o praticante à meta. Durante esse processo é
assimilado os yamas e niyamas ocorrendo automaticamente uma evolução
pessoal (várias yamas e niyamas são trabalhados durante a prática: os
respiratórios fazem aflorar o inconsciente, nas técnicas de kriyá você
assimila o niyama sauchan (higiene) equilibrando o sistema hormonal e
endócrino, cujo desequilíbrio é um dos grandes responsáveis por
estados depressivos. Nos ásanas (técnicas de consciência corporal)
você assimila: auto-entrega (íshwara pranidhána), auto-superação
(tapas), determinação, força de vontade, perseverança, auto-estudo
(swádhyáya), contentamento (santosha),desapego(aparigaha).

Já a parte superior, de abstração de sentidos e concentração, amplia
os estados de consciência, facilitando os estudos, melhorando sua
concentração, proporcionando um relaxamento mental, combatendo o
streess e conduzindo você agora na etapa final: o samádhi. Esse
processo transcende o ego (kaivalyam), mas mais importante que todos
os beneficios é não esquecermos a proposta do Yoga de
auto-conhecimento.


Conceitos como respeito, compaixão e generosidade são absorvidos pelo
praticante, melhorando a qualidade de vida no planeta. O praticante adquire
discernimento do sentido real da vida através da prática de Yoga.
Subjacente
a todo esse sistema de técnicas psico-físicas de auto-realização, está a
filosofia Sámkhya, que está tão intrinsecamente ligada ao Yoga que muitos
autores consideram ambos como uma única coisa. Para conhecer:
http://yogasaocarlos.blogspot.com/